sexta-feira, 25 de junho de 2010


Cinzas finalizado



após muito tempo de produção, dentro do qual diversas fases existiram, cinzas finalmente foi finalizado. nesse período, ele deixou de ser um curta e passou a ser um média. nesse período, ele recebeu um prêmio com uma quantia que ajudou consideravelmente sua realização - trata-se do FICC, fundo de investimentos à cultura de campinas, edital municipal com o qual acabamos contemplados. e, principalmente, nesse período ele contou com o empenho de várias pessoas nas mais diversas funções, para que pudesse, com muito sacrifício, tornar-se uma realidade.

sendo assim, cinzas terá na próxima quarta-feira 30/06, às 12h 30, no espaço cultural casa do lago em campinas, sua primeira exibição pública. já existem outras confirmadas, como também já existem inscrições feitas em alguns festivais. porém, fica registrada a importância desta que será a primeira.

convido a todos para assistir a essa estória sobre fracasso e derrota, sobre o abandono dos sonhos, sobre uma transição dentro de uma vida. cinzas tem 60 minutos de duração, foi escrito e dirigido por carlos massari, produzido por flávia penereiro e ana rute mendes, fotografado por luciano evangelista, editado por pedro pinho, com arte de thiago custódio e luiza folegatti e trilha sonora de felipe lesage.
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sábado, 7 de fevereiro de 2009


cinzas II



o vento balançava o seu vestido e os galhos de algumas árvores. olhava seus passos, lentos, calculados, procurando o melhor ângulo ou o melhor local. de um lado, via o lago, tão bonito, com meia duzia de patos esquisitos querendo bicar seres humanos, mas de outro, via você, com todos os reflexos, todos as cores que dançavam no seu rosto, todos os detalhes do teu corpo que tanto me fascinavam.

pisar na grama, se apoiar na árvore, determinar o ritmo das outras pessoas, animais, nuvens, veículos e pensamentos que ocupavam aquele mesmo espaço. por mais que a grama cresça, será sempre a mesma. será sempre lá que você esteve se abaixando à minha volta, me contando que tirou fotos lindas do meu rosto, do meu sorriso e da paisagem ao fundo.

depois, simplesmente peguei a chave e entrei na minha casa. você não gostava muito dela. era desarrumada, cheirava a vodca e mofo. não era um bom ambiente pra um relacionamento, dizia. eu nunca concordei. entre essas páginas, essas garrafas, essas linhas é que vivia o meu amor. você era parte dele, parte inseparável, parte indestacável de todo o resto.

mas você se destacou. não aguentou o cheiro de vodca e de mofo, cada vez mais presente não só na minha casa, como na minha boca, no meu semblante e na minha sombra. não sei se você era a mulher certa para mim. provavelmente não. provavelmente nem existe essa história de mulher certa. mas era você a quem eu amava, e agora, simplesmente, um pedaço de mim estava ali no chão, junto com as páginas, as garrafas e as linhas, na forma de cinzas.

o vento balançava o seu vestido e os galhos de algumas árvores. mas simplesmente não havia vestido. simplesmente não havia você. eu não reconhecia mais a grama, as árvores, os patos nem se interessavam em me bicar. aquele parque estava vazio, triste, solene, como em uma missa pela sua alma.
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009


notas da produção



Um homem perdido em uma cidade busca reencontrar seu lugar no mundo. Outrora com ideais, amigos, namorada, talento e vontade, de diversas formas ele perdeu tudo. Afundado entre o álcool e o cigarro em seu pequeno apartamento e em passeios solitários pela cidade, tenta, aos poucos, conseguir reassumir o controle de sua vida e se encaixar na sociedade, mesmo que não seja da forma que gostaria.

Cinzas é um curta universitário que está sendo realizado por alguns alunos de Comunicação Social - Midialogia da UNICAMP, com roteiro e direção de Carlos Massari.
Só faltam menos de dois meses para as gravações e ainda há algumas pendências, pois como a maioria dos curtas universitários, não contamos com dinheiro algum, e tudo será a base de patrocínios.
Semana passada conseguimos um muito-bem-vindo patrocínio
da Lanza imóveis, mas ainda precisamos de muito mais.
O elenco e quase todas as locações já estão definidos e já temos o equipamento de gravação.
Aos poucos vamos garantindo que tudo dê certo.

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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


cinzas I



não sabia que o céu podia ter essas cores. na verdade, eu nem sequer sabia que ele tinha cores. imaginava algo pálido, desbotado, simplesmente imperceptível. não tinha vontade de olhar para ele, de sair e sentir o que ele tinha para mostrar e para oferecer. mas hoje eu sai. desliguei a televisão, deixei as garrafas em cima da mesa, peguei a chave e saí andando. o céu estava lá.

o céu estava lá e era escuro. preto. nuvens se movimentando, provocando um vento gélido apesar de muito leve. preto o céu. preto não, acinzentado. provavelmente ia chover. provavelmente ia chover forte. mas o céu estava preto, acinzentado, escuro. talvez querendo expulsar alguma coisa que o incomodava, talvez se revoltando porque eu resolvi olhar para ele. mas eu olhei e não vi nada. ele estava escuro, e eu não sabia que ele podia ter essas cores. melhor se esconder em algum lugar.

a praça estava no mesmo lugar de sempre. era estranho como o céu muda suas cores, fica acinzentado, escuro, e a praça continua no mesmo lugar e com a mesma forma. e eu continuo com a mesma forma. a barba não cresce mais. os olhos não abrem mais. o pulmão nem reclama do cigarro de toda hora. já deve ter desistido. como a praça deve ter desistido há muito, muito tempo de fazer algo contra essas cores do céu.

não sabia que o coração podia ter essas cores. eu estou aqui, na praça, só lembrando do fracasso. de cada texto que nunca foi aceito. dos papéis rabiscados sem nenhum sentido. das tardes perdidas em qualquer motel vagabundo em troca de algum calor humano. simplesmente porque hoje eu sai. desliguei a televisão, deixei as garrafas em cima da mesa, peguei a chave e saí andando. o coração não estava lá.

não estava lá. não havia nada lá. a praça, o parque, o motel, as casas, todos pareciam sempre tão iguais. não mudavam. o céu mudava, eles não. acho que, no fundo, tudo era como o céu. cinza, queimado, precisando chover. não interessa onde tudo estivesse, certamente estaria escuro, desconhecido, inalcançável.
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